As discussões sobre o estado de preservação e possibilidades de impactos a sítios arqueológicos na arqueologia brasileira têm sido um tema recorrente e importante para moldar as ações de instituições de salvaguarda e pesquisadores da área. Especialmente a partir da década de 1960, vários estudos têm sido realizados sobre esse tema na intenção de diagnosticar e, quando possível, agir sobre as questões de conservação. Independentemente do ambiente e tipo de sítios arqueológicos que sejam objeto dessas preocupações, tem se mostrado necessário levar em consideração a ocupação humana recente como um dos principais fatores de interferência sobre os sítios. A partir do levantamento realizado em 100 sítios arqueológicos localizados nos municípios de Manaus e Iranduba, Estado do Amazonas, buscamos contribuir com esta questão. Para tal, partimos do princípio que é imprescindível considerar a relação de comunidades contemporâneas com objetos arqueológicos a partir não só das estratégias de ocupação e uso do espaço que processam sobre áreas com sítios arqueológicos, como também ponderar a influência das lógicas de salvaguarda cultural que se utilizam ao longo da formação de suas identidades culturais e memória social.