Com riqueza de informações históricas, profissionais coletam dados sobre as condições de preservação de áreas habitadas por povos indígenas em período pré-colonial.
Um total de 42 sítios arqueológicos localizados nas cidades de Sobral, Forquilha, Irauçuba e Granja, no noroeste cearense, começam a ser cadastrados e recastrados pela empresa Inside Consultoria sob a responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O trabalho teve início na última segunda-feira (9) quando arqueológos registraram e coletaram dados dos sítios Bilheira 1 e Andorinha 1 e 2, situados no distrito de Taperuaba, município de Sobral, a cerca de 50 quilômetros da sede da cidade. O trabalho seguiu na terça-feira (10) em mais oito sítios no chamado Complexo Bilheira, também no distrito de Taperuaba.
O estudo realizado pela Inside em 2022, apontou que a região em que estão localizados os municípios, trata-se de uma das que concentra o maior número de sítios arqueológicos com a presença de registro rupestre do estado do Ceará.
Levantamento e relatórios
Dentre os objetivos previstos nas ações de cadastramento e recadastramento estão a produção de plantas/mapas georreferenciadas com a delimitação de cada sítio arqueológico, com localização dos painéis e cortes (perfis rochosos), acompanhados de levantamento fotográfico detalhado de pelo menos 70% dos painéis de arte rupestre e 100% do sítio e seu contexto ambiental, e também a elaboração de relatórios parciais e cadastros no banco de dados do Iphan.
“Já conseguimos fazer o registro das pinturas, fotografamos, também realizamos o registro em vídeos para a montagem do banco de dados a ser apresentado ao Iphan”, explicou o arqueólogo e diretor da Inside Consultoria, Wagner Veiga, sobre o sítio Bilheira I. Veiga ressaltou, que o espaço em que se encontra o vestígio de ocupação humana está preservado, mas com alguma “deteriorioração em função do tempo”. “Chuva, vento e a presença de animais concorrem à deterioração nesses casos, mas aqui não observamos nenhum impacto por conta da ação humana”, acrescentou.
Registro e rupestre
O cadastramento e o recadastramento devem levar de dez a 15 dias até serem concluídos. Durante a visita de campo, a equipe recorre a um aplicativo a fim de registrar informações sobre as características do sítio arqueológico, em que contém a descrição dele (sítio), de possíveis impactos (naturais e humanos), além de medidas de preservação e conservação que podem ser adotadas para o resguardo do sítio. O aplicativo também registra a paisagem nas quais estão inseridos os sítios arqueológicos, ao mesmo tempo que são captadas imagens, vídeos e fotos dos desenhos inscritos nas pedras.
Segundo Wagner Veiga, a linha do desenho rupestre pode apontar para um possível registro do tempo, momento em que os antigos habitantes desejavam marcar períodos de chuva, de sol, de muito vento, e outras pecularidades testemunhadas. “As vezes a gente encontra muitos paineis com registro de figuras humanas, de animais, com pinturas representando sol, lua, e algumas linhas que podem ser calendários”, explica o arqueólogo.
O projeto de pesquisa indica que a ocupação humana da região remete a um período anterior à colonização e feita por indígenas de diversas etnias, dentre elas Tabajara, Tremembé, Potiguar, Arariú, Cariri, Aruá, Cariús e Quixelô.
Pedra da Andorinha
No sítio Pedra da Andorinha 1 e 2, a atividade ocorreu dentro da Unidade de Conservação Refúgio de Vida Silvestre (Revis) ‘Pedra da Andorinha’, que possui uma área de 598,6 hectares, localizada na CE-362, distrito sobralense de Taperuaba. O local é patrimônio natural e ponto de visitas turísticas e de estudos de pesquisa.
“Há o interesse total de fomentar, principalmente de mostrar isso aqui ao público. A fomentação da pesquisa científica aqui nessa região do sítio arqueológico é de fundamental importância para nós, afinal de contas faz parte da história da humanidade”, considera o gestor da Unidade de Conservação, Francisco Ávila Mendes, que acompanhou o trabalho da equipe de arqueológos.
ASCOM Inside Amazônia
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